Nada conforta, nenhuma palavra ameniza o vazio que fica, se há laço profundo, companheirismo, cumplicidade é difícil demais. Eu não sei descrever em palavras o que minha mãe era na minha vida, ou melhor, que ainda é. Mas hoje só ela, eu e Deus sabemos, pois está apenas em nós o valor desse sentimento, ele é silencioso.
Levei anos para compreender que não é culpa de Deus e que para tudo há uma razão, por mais que não saibamos entender. Aprendi a ter fé, na verdade fé é algo muito maior e profundo do que achamos ser. Descobrir essa fé foi a melhor lição que a partida dela me deixou. Muitas vezes pensamos que temos fé, e não temos.
Todo dia 28, de cada mês de Janeiro, meu coração aperta. Passei anos sem entender como ocorreu aquele acidente, como se minha mente tivesse apagado o ocorrido. Um dia lembrei, de cada detalhe, do início ao fim daquela noite difícil. Esse foi um momento bem complicado pois tive que encarar situações que acho que não estava pronta. Enfim... a vida seguiu.
Hoje escrevendo a minha amiga, lembrei de minha história e me deu uma saudade enorme dela que sempre foi muito especial em minha vida quando aqui se fazia presente. Hoje sei que ela cuida de mim, como pode, sei que me intui e protege, como sei também que nossos laços vão além do corpo físico.
Hoje não culpo Deus, as vezes digo à ele..."poxa"...mas apenas isso. Minha angústia foi modificada em gratidão. Ao invés de lamentar agradeço a oportunidade de ter tido ela como mãe por 23 anos. Existem pessoas que conheço e não conheço que não tiveram o privilégio de ter uma mãe como a minha. De alguma forma ela me deixou pronta para ser o melhor que eu pudesse ser, e me esforcei e esforço por isso.
Sinto falta, a amo muito, e sou grata à ela por tudo... Edith era seu nome...uma pessoa incrível! Fico feliz quando escuto que me pareço muito com ela...são sementes que ela me deixou, esse é meu maior patrimônio e sempre será.
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