terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O CASTELO... A SAUDADE.

Minha casa é cheia de recortes, sou uma maníaca em recortar e guardar textos para ler depois com mais calma, a vida está sempre correndo. Hoje pela manhã (estou tornando isso um ritual), tomando meu café, e buscando na pasta os recortes, encontrei a matéria desta linda foto, o Castelo de Itaipava.


Fiz uma viagem no tempo... Itaipava foi parte da minha adolescência, e esse castelo parte desta parte.

Em Itaipava eu convivi com pessoas que marcaram minha adolescência, e minha fase adulta, sinto saudades, elas já partiram. Lembro sempre de meu primo Aurélio, o Lelo. Ele era a ovelha negra da família, e seu grande "pecado" desde sua juventude era ser gay.

Lelo era lindo, perfeito, tinha um nariz que parecia ter sido modelado, um sorriso cativante, de uma elegância e inteligência espantosa. Tudo que ele fazia ficava perfeito, pintava lindamente, construía ideias de decoração aconchegantes, tinha um mundo em suas mãos, porém sempre indefinido, um peixe fora d'agua. Com Lelo vivi momentos inesquecíveis e esse castelo fez parte disso.

Nas férias e fim de semana, ele me ligava e dizia - "Saporeca" vc não vai subir não? Saporeca era o apelido que ele me deu, dizia que eu estava na adolescência, e ainda não estava definido se eu seria uma sapo gordinho ou uma elegante perereca...kkkkk Adorava ouvir o carinhoso "saporeca".

Eu e Lelo curtimos muito, sempre que eu chegava em Itaipava ir visitar este Castelo, caminhando se ia à ele. Era o ponto de partida, o primeiro destino da rota.  Caminhamos por este jardim, fizemos bagunça no lago, tiramos fotos, batemos papo com os caseiros, era um conto de fadas.

Uma vez soubemos que o castelo ia ser vendido, fizemos uma novena. Ninguém nunca soube de nossas aventuras,  neste castelo batemos bons e longos papos, neste jardim conheci meu primo, ele desabafava, falava de si.

Desvendar Itaipava, de mochila nas costas, era a melhor programação. Fomos corridos de cachorro, fomos recebidos por caseiro de espingarda na mão, roubamos frutas e flores, e rimos demais, mas muito mesmo.

Todo fim de semana que eu subia a serra aprontávamos alguma coisa. Banho de piscina de madrugada era outra que sempre fazíamos, e levávamos a garrafa de vinho do tio escondida, nunca souberam. Pegávamos as taças de cristal da tia e deixávamos elas boiarem na água da piscina, tínhamos que pular do trampolim sem o vinho entornar. kkkk Hoje parece besteira, mas era o nosso momento.

Na cozinha estávamos sempre inventando algo novo. O dia do cural foi o maior deles, ligamos a lareira e fechamos todas as janelas, e fomos fazer o cural. Já pronto, voltamos para a sala, entendendo que a mesma estava aquecida pelo tempo. Para nossa surpresa, a sala estava completamente tomada de fumaça, havia um ninho na chaminé, e a fumaça ao invés de sair, voltou pra dentro. Foi uma correria, abrimos as janelas e acabamos com o perfume da tia, tínhamos que amenizar o cheiro da fumaça... Soube que a tia ficou anos procurando o tal perfume e nunca achou.

Lelo morreu do coração, jovem ainda. Não casou, não adotou. O que deixou foi sua lembrança, e cada um que com ele conviveu tem a sua. Eu guardo as melhores, as mais engraçadas, as que a foto deste castelo me fez lembrar... Lelo aonde vc estiver saiba que eu amo vc, sinto saudades...vc está sempre nas minhas orações. Beijos

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