sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Por que sexta-feira é dia de comemorar!

E por que não comemorar a volta de fazer o que se ama? Há aproximadamente um mês atrás perdi meu pai, não tinha uma relação estreita com ele, morávamos em cidades diferentes, tínhamos formas de ver a vida diferentes, e depois da partida de minha mãe mais nosso espaço de convívio nos distanciou.

Acho que nunca aceitei a forma fácil de meu pai assumir um casamento com menos de dois meses da morte de minha mãe, principalmente por ter sido uma morte brutal num acidente de carro. E a partir dessa decisão, consequentemente se fez esquecer dos filhos. Isso marcou, e sei que ao meu irmão também.

Porém a morte é algo muito estranho, e ela pode nos chegar de muitas formas. Nesse caso específico ficou a sensação de todos os laços rompidos, acredito pelo laço forte familiar que eu tenha vivido pela dedicação da minha mãe. Por mais que meu pai fosse mais ausente depois, e eu tenha me tornado também, havia aquele laço de que o que vivi existia em algum lugar.

A morte dele me fez ver que o laço havia se desfeito, e isso de alguma forma mexeu muito comigo. A sensação de não ter mais os pais, fosse de que forma fosse, me deu um grande vazio.

Fui levando a vida, mas eu não estava completa, não sentia a inspiração brotar, não via "graça" nas fotos, nas palavras para formarem textos, nada. Era realmente como um grande ralado que ganhamos quando caímos da bicicleta quando pequenos. Precisamos esperar criar a casquinha, depois deixá-la cair e a pele se organizar de volta nova.

Muitas vezes vivemos situações que quem nos olha parece que está tudo maravilhoso, mas dentro de nós, sabemos que existe um incômodo, um "falta alguma coisa", que não se preenche.

Já com mais de 30 dias passados, começo a colocar minha máquina de fotografar para funcionar, faço uns ensaios domésticos, retrato um convite de evento e vou voltando devagar. Ao mesmo tempo já rascunho alguns textos, afinal estou aqui escrevendo nesse momento rsrsrsrsrs.

O que sei  é que a minha missão de filha chegou ao fim, e essa sensação  é que me deixou zonza. Sei que existem milhares de pessoas muito mais jovens que perdem seus pais e ficam na mesma situação, mas cada ser humano com sua forma de viver seus anseios, realidades e dores.

Ficou aquilo de "agora é contigo", e nessa sensação vieram outras sensações que me envolvi em pensamentos nesse período, vamos dizer de recesso.

Não quero perder mais nenhum segundo da minha vida esperando acertar alguma coisa, a vida é o que acontece agora e ponto. Para eu não estar aqui amanhã, não há nenhum empecilho, assim é a relação entre a vida e a morte.

Quero fazer muito mais, viver muito mais, mas muito mais mesmo. Hora de correr contra o relógio, a vida não espera nada, ela acontece em cada minuto que o ponteiro do relógio sinaliza.

Cansada da mesmice, dos sonhos pequenos, das conformações absurdas e covardes. É tanto jogo, tanta manipulação, tanta hipocrisia que choca e irrita. Vidas abstratas preenchidas de catarses não produtivas. Sinto-me num muro imaginário de lamentações. E o pior, ainda acreditam que esse seja o caminho.

Sabe, hoje sem nenhuma modéstia me permiti olhar para mim mesma e dizer - Cara, tu é uma mulher bonita, inteligente, esclarecida, tudo que vc coloca a mão para fazer faz bem feito, tá esperando o que dá vida?

Foi como uma porrada, aquela que tomamos no ossinho do nariz, e que dói pacas. Hora de olhar a vida, de fato e com atitude, o que se quer da vida. Não há mais tempo para experiências que somarão em respostas evasivas. Hora de parar de acreditar que as pessoas irão entender que o mundo vai ficar melhor pq você grita por direito e denuncia o errado. Mentira, elas apenas se tornam mais acomodadas.

A vida é muito mais que isso. Não se muda o que não se quer mudar, isso é utopia. O nível da desinformação é tamanha que resgatar isso já é complicado. Estamos virando prisioneiros de nós mesmos.

Quero uma vida de respostas, nada de extraordinariamente absurdo, apenas uma vida tranquila mas real. Minha adolescência ficou a décadas de distância. Quero sonhar não mais no travesseiro, mas de olhos bem abertos, tipo imaginar e já esta sentindo como realidade.

Nada acontece por acaso, e quanto mais eu vivo mais me convenço disso. Todas as dores chegam para nos fazer crescer. Que meus pais estejam em paz e em boas companhias, eu por aqui quero a mesma coisa, e posso te garantir não abro mão disso nunca mais. Minha vida é agora, e esse agora só quem pode ir ao encontro sou eu.








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